– Para um problema construído coletivamente, a saída também deverá ser coletiva.
Neste ano todas as escolas começaram com uma novidade: a proibição de celulares na escola. Ou seja, o uso de aparelhos portáteis no espaço escolar já não pode ocorrer por parte dos alunos. A restrição é total!
O impacto do uso das tecnologias de informação, e dos smartphones em particular, é um tema de estudo muito novo no campo da saúde mental. O psicólogo social Jonathan Haidt, em seu best-seller “Geração Ansiosa”, conta a história de uma epidemia internacional que trouxe uma profunda reconfiguração da infância.
Baseado em pesquisas, o livro mostra que a partir de 2012, houve um aumento exponencial de problemas ligados à saúde mental em crianças e adolescentes, como mais ansiedade, depressão e irritabilidade, em diversos países de língua inglesa. Era, portanto, um fenômeno amplo. Como é comum em estudos desse tipo, há especialistas que contestam as conclusões, mas é cada vez mais aceita a ideia de que popularização do uso de celulares, e principalmente as redes sociais, estão na raiz do problema.
De acordo com o autor, as crianças estão deixando de lado as brincadeiras, quando tradicionalmente aprendemos sobre nossa cultura e nossos papéis na comunidade, em troca de um uso mais constante dos celulares e das redes sociais. Também no início da puberdade, quando são essenciais interações e reflexões sobre o mundo, o impacto desse uso excessivo é imenso. A dificuldade que muitas famílias têm em restringi-lo mostra a gravidade do problema. A proibição do uso de celulares na escola trouxe algum alívio para boa parte de educadores e famílias, muitas vezes impotentes diante do verdadeiro vício que causa o uso excessivo de celulares.
É importante apontar três aspectos para reflexão:
• – Há grande competência das empresas de redes sociais em capturar nossa atenção. Além dos algoritmos cada vez mais sofisticados, há os produtores de conteúdos especializados em nos reter em suas distrações e mensagens;
• – Seja por segurança ou comodidade, muitas famílias tiveram um papel ao estimularem seus filhos a se distraírem com aparelhos eletrônicos;
• - O chamado desejo mimético, ou seja, desejar a partir do desejo do outro, exerce poderosa influência em cada um de nós. “Já que todos têm celulares, também quero. Já que todos estão nas redes sociais, também tenho que estar.”
Esse problema foi construído coletivamente e a saída também deverá ser coletiva. Leis, família, escola e sociedade, em geral. As empresas que dirigem as plataformas das redes lucram muito e dificilmente tomarão qualquer iniciativa efetiva.
A depender do resultado, a proibição do uso de celulares nas escolas pode inspirar restrições em outros espaços, e esse resultado passará pela colaboração entre escola e famílias.
Veja mais artigos sobre a educação infantil e a escola no blog do CEB.
• - É cada vez mais aceita a ideia de que popularização do uso de celulares, e principalmente as redes sociais, estão na raiz de problemas de saúde mental, especialmente entre jovens e crianças;
• - É preciso considerar a responsabilidade de empresas, famílias, escolas, além de fatores comportamentais e psicológicos;
• - Esse problema foi construído coletivamente e a saída também deverá ser coletiva. Leis, família, escola e sociedade, em geral. As empresas que dirigem as plataformas das redes lucram muito e dificilmente tomarão qualquer iniciativa efetiva para coibir o uso excessivo de celulares. Ou seja, também é possível esperar que a proibição de celulares na escola tenha vindo para ficar.
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