• Quando uma caixa de fósforos vira um cavaleiro. Ou um antepassado.
Quando contamos uma história a um aluno ou filho, muitas coisas acontecem ao mesmo tempo: o ouvinte tem a chance de aprender e ampliar sua visão de mundo, o contador desenvolve sua sensibilidade e criatividade, e ainda se fortalece o vínculo entre ouvinte e contador.
O ouvinte experimenta um momento de estímulo à sua imaginação e aos seus sentidos, passa a pensar sobre lugares e modos de vida desconhecidos, tem a construção da sua identidade fortalecida e ainda pode compreender as próprias emoções ao associá-las àquelas dos personagens. Ouvir histórias pode estimular o gosto por ler e por criar, escrever e contar as próprias narrativas.
O contador deve atrair a atenção do ouvinte e para isso precisa conhecê-lo melhor e, assim, escolher a história e a forma mais adequada de contá-la: usando vozes diferentes, gestos e ritmos, dramatizando as situações, tendo ou não o apoio de objetos para representar personagens. Ao usar esses e vários outros recursos, o contador desenvolve sua criatividade.
Contar uma história a alguém é aproximar-se dele. Qual história contar? Depende para quem. Então, é preciso conhecê-lo, saber de seus interesses, de que forma cativá-lo, promover um encontro com ele.
Contar uma história é uma das atividades humanas mais antigas e é um ato de generosidade. É um momento em que alguém dedica seu tempo a transmitir conhecimento, a expandir a consciência de outro, talvez até transformar a vida dessa pessoa. Ao mesmo tempo, pode ser um convite para o outro organizar seus pensamentos, refletir sobre seus comportamentos e ter mais recursos para expressar seus próprios sentimentos à medida que os reconhece nos personagens. Além, é claro, uma forma muito divertida de passarmos o tempo juntos!
Os livros são excelentes suportes, podendo ser simplesmente lidos em voz alta (com ou sem uma interpretação mais criativa) ou servirem de inspiração para que o contador adapte seus textos e assim criar suas próprias narrativas. Uma fonte que pode gerar especial interesse são as vivências de membros da família, como os antepassados, por exemplo. A chegada ao Brasil, os casamentos improváveis, os desafios profissionais e pessoais, entre tantas outras. Histórias como essas ajudam na construção da identidade do ouvinte, levando adiante a memória da família, além de possibilitarem um conhecimento vivo sobre a história da cidade e do país.