O sofrimento de não ver ou não ser visto

20 de setembro de 2024 | Uncategorized

- É urgente e é para todas as escolas e educadores  

Não é mais possível uma escola contentar-se em transmitir conteúdos de provas seletivas ou promover somente competências técnicas. É preciso muito mais e tudo passa por um olhar efetivamente cuidadoso, enxergar seus estudantes, abrir uma conexão real, uma avenida que leve ao acolhimento e compreensão. É preciso atuar para que seus alunos e alunas aprendam a ver o outro e a sentirem-se confortáveis, sabendo-se acolhidos e vistos. 

Agora mesmo há incontáveis estudantes em sofrimento calado, como resultado de bullying, por exemplo. A escola, quando recebe um estudante, torna-se sua rede de desenvolvimento e apoio. Não é somente apoio para auxiliá-lo em seus projetos pessoais e profissionais, mas para o que for preciso. Mesmo para necessidades sobre as quais ele ainda não tenha clareza. Para isso dar conta desse compromisso, temos que saber como nossos estudantes se relacionam com angústias, frustrações e conquistas, como interagem com os outros e com o espaço coletivo. Quais são seus temores e desafios, suas motivações, potências, obstáculos e sentimentos. Pode não ser fácil, mas é necessário!  

Fortalecimento 

Acolher é o princípio, mas não é suficiente. Deve existir a intenção educativa de fortalecer os meninos e meninas. Assim como se aprende matemática e línguas, por exemplo, aprende-se a conviver com os outros e com seus próprios motivos de sofrimento, como frustrações ou inseguranças, entre tantos outros. Se isso se aprende, então os educadores têm seu papel, formando para a diversidade, ampliando as visões de mundo a partir do estudo e reflexão, cultivando um pensamento autônomo e fundamentado pelo conhecimento e autoconhecimento. Desenvolver um cuidado no jeito de olhar o outro, bem como enxergar-se valioso e potente. 

Uma das formas de se fazer isso é expor as crianças a desafios proporcionais às suas condições de enfrentamento e desenvolvimento. Elas sairão certamente fortalecidas à medida que enfrentarem esses obstáculos, conhecendo-se melhor e aprendendo tanto com vitórias, como com as derrotas. Para saber lidar com insucessos é preciso experimentá-los. Isso serve para os ambientes familiares e escolares. Mas atenção: sempre proporcionais às suas condições de enfrentamento e esse é um enorme desafio de educadores e famílias. 

No caso do bullying, ser forte é não aceitar que isso aconteça com ninguém, que se sinta forte o suficiente para denunciar, interromper, estar do lado da vítima. 

A família 

Há muita dificuldade nas famílias em lidar com as frustrações dos filhos. Isso expressa-se nos acontecimentos cotidianos: um pequeno conflito resolvido às pressas, sem o encarar como uma oportunidade de aprendizado, ou a justificativa de uma derrota culpando um terceiro, como é comum vermos nas competições esportivas nas escolas, são exemplos de como as famílias evitam as frustrações de filhos em nome de seu bem-estar momentâneo, em detrimento da educação para a vida. Acolher frustrações é diferente de evitá-las. Lentamente estamos criando crianças frágeis, que terão crescentes dificuldades de encarar suas futuras e inevitáveis “derrotas” ou situações de conflito.  

Em resumo: 

  • É preciso a escola atuar para que seus alunos e alunas aprendam a ver o outro e a sentirem-se confortáveis, sabendo-se acolhidos e vistos; 
  • Acolher é o princípio, mas não é suficiente. Deve existir a intenção educativa de fortalecer os meninos e meninas; 
  • No caso do bullying, ser forte é não aceitar que isso aconteça com ninguém,  sentindo-se forte o suficiente para denunciar, interromper, estar do lado da vítima. 

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